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Review: Voigtlander 15mm f/4.5 Aspherical II

Eu particularmente tenho uma certa queda por lentes angulares. Gosto muito do visual de grandiosidade que elas provocam pelo enorme ângulo de visão coberto. É algo que foge muito da nossa visão padrão, e acho nesse aspecto um exercício muito interessante principalmente pra quem quer fugir das tradicionais 50mm por exemplo.

A primeira foto do rolo. Tinha acabado de tirar a câmera da mochila e quando me preparei pra fazer uma foto do Museu do Amanhã um menino ao lado do ambulante empinou a bicicleta. Boas surpresas.

Muitos estudos e artigos científicos categorizam o campo de visão humano como mais ou menos similar ao das lentes de distâncias focais entre 35mm e 50mm. E isso talvez ajude a explicar o porque dessas lentes serem tomadas quase como padrão no set de todo fotógrafo. Quem nunca leu ou ouviu que a primeira lente que deveria comprar seria a tal da “cinquentinha”?

Praça Mauá, Rio de Janeiro

Bom, minha primeira experiência com uma lente bem aberta foi com uma Hasselblad SWC, uma câmera de médio-formato que tem uma lente fixa Zeiss Biogon de 38mm. Equivale a uma 21mm para os padrões de full-frame (sensor 35mm), e tem o padrão Zeiss de qualidade, que em objetivas super wide equivale a lentes com quase nenhuma distorção.

Antes de comprar essa 15mm da Voigtlander eu mantinha outra angular no meu set. Utilizava uma 21mm da Zeiss que me fez bem feliz por um bom tempo.

Na verdade, eu vendi a Zeiss e na mesma semana surgiu a venda essa 15mm da Voigtlander. Não pensei duas vezes e arrematei a lente, foi quase como um sinal.

A lente em questão. Super pequena e com para-sol embutido. A inscrição “Made in Japan” revela sua fabricação na fábrica Cosina

Antes de mais nada, minha camera titular hoje é uma Leica, e quem conhece sobre as Leica sabe que as rangefinders da marca não possuem framelines para lentes tao abertas no seu visor sendo a menor distancia focal possível as 28mm.

Então para utilizar lentes desse tipo e conseguir prever a composição seria necessário utilizar um visor externo acoplado na sapata da camera.

Eu nunca gostei de visores externos, na verdade pra mim só serve como um trambolho a mais pra “atrasar” já que o foco ocorre pelo telêmetro da camera. E aí seria preciso compôr primeiro e depois focar (e nesse meio tempo, você já perdeu a foto caso esteja fazendo fotografia de rua ou algo do tipo).

Mesmo com a 21mm ou com a Hasselblad SWC (que dispunha de um visor externo) eu não usava. 

Uma Leica M6 com a 15mm Voigtlander e um visor externo. Foto retirada da internet, já que não possuo a menor pretenção de utilizar um desses

A graça de trabalhar com lentes abertas está justamente na capacidade imaginativa de transportar o olhar para o angulo de visão da lente. 

É quase como uma forma de “descolar” o olho do rosto e transporta-lo para as mãos que seguram a camera.

É prazeroso fotografar sem olhar o visor por ser uma forma de se desprender de algumas amarras. Sem a obrigação que por vezes criamos em procurar a composição ideal, fibbonaciana, com tudo perfeitamente alinhado e encaixado.

Quando a gente aplica isso pra fotografia analógica, onde naturalmente já não vemos o resultado na hora da fotografia, isso se torna um adicional a mais.

 Sobre a lente em questão, foram apenas dois rolos até agora, um Portra 160 e um Lomography Redscale que ilustram esse post. 

A maior parte do material foi feita fotografando skate, afinal de contas, skate e lentes abertas são um casamento perfeito.

Mas ainda assim, mesmo para paisagens, retratos ou praticamente qualquer outro tema, as lentes angulares tem o seu potencial.

Agradecimento especial ao amigo Bernardo Rodrigues (@bernskatearte) que topou fazer essa sessão e também é fotógrafo, confiram o trabalho dele no instagram (@asfotosdobern)